
Sejam bem vindos à discussão sobre “Por que os cronogramas Atrasam”. Caso não tenha lido os oito primeiros artigos, no final desta postagem tem o link para eles.
Na primeira sessão abordei a falta de habilidade técnica do Gerente de projetos e sua equipe na elaboração do cronograma. No total foram 07 artigos. No momento estamos explorando a segunda sessão do nosso mapa mental, com uma série de artigos que estão abordando a “Não utilização do cronograma como ferramenta de análise”.

Hoje, iremos trabalhar a segunda parte desta sessão: “Cronograma elaborado apenas para ganhar licitação”.
Vamos lá?
Segundo a definição do PMBOK 5ª edição, projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado. Uma empresa de projetos apenas sobrevive com novos contratos. Por isso a busca interminável por novas licitações, novas oportunidades de negócios.
Nesta busca por novas oportunidades, muitas empresas entram em licitações que não deveriam entrar. Contratos extremamente apertados e com cláusulas quase que leoninas. Com isso, se ganha um projeto, com restrições de custo, prazo, qualidade e escopo que não coadunam, e se tornará a maior dor de cabeça da empresa.
A equipe responsável por elaborar os documentos de licitação entrega um cronograma macro, que não levou em consideração o tamanho do escopo, a complexidade dos pacotes de trabalho, a produtividade da mão de obra no canteiro onde a obra irá ocorrer, nem a dimensão do tamanho da equipe para poder atender os requisitos do projeto.
Pronto. A cobra que irá te matar, está sendo criada!! Mas os problemas não param por ai. Pois depois da reunião de kick off, a equipe de projeto deverá entregar dentro de aproximadamente duas semanas, um cronograma detalhado, o histograma de mão de obra, projeção de fluxo de caixa da obra, planilhas e mais planilhas.
Mas calma, não vou piorar o cenário não. Eu poderia dizer que o planejador que irá elaborar o cronograma detalhado ainda nem foi contratado. Mas serei bonzinho neste caso. Vamos considerar que ele já se encontra trabalhando, com muito afinco, para fazer “caber” tanto escopo, com tão pouco recurso, em um período tão pequeno de prazo.
(...) passado as duas semanas, o gerente de projetos carimba o cronograma com todo entusiasmo de tê-lo entregue no prazo, e com toda a certeza em sua mente ele pensa – “Se Deus quiser, vai dar tudo certo”.
O resultado nem preciso falar. No primeiro mês, o cronograma já está atrasado, a equipe de obra não atinge nenhuma meta estabelecida na programação semanal, a qualidade é abaixo do estabelecido no memorial descritivo, a sede terá que fazer aporte de capital financeiro maior do que fora estabelecido na projeção de fluxo de caixa, os canais de comunicação estão congestionados de informações duplicadas, as partes interessadas estão preocupadas com o projeto e vou parar por aqui, já é muita desgraça para um parágrafo só.
No meio deste caos todo, de quem é a culpa? Da equipe que orçou, do diretor que queria ganhar a licitação a todo custo, do gerente de projetos que aprovou um cronograma inviável, da equipe de obra que não performou, do diabo (que veio pra roubar, matar e destruir), ou dos Iluminatis?
A resposta é fácil de dizer: A culpa está na forma de se relacionar com o cronograma. Enquanto acharem que o cronograma é uma ferramenta de corroboração de fatos impossíveis ao invés de ser visto como uma ferramenta de filtro de ações que não coadunam, novos projetos serão iniciados sem a menor possibilidade de serem executados. Cronograma é uma ferramenta estatística, que aceita o que você colocar como verdade. Por este motivo, seja o cronograma macro da licitação ou o detalhado da obra, depois de prontos, eles precisam ser questionados sobre uma última perguntinha: Qual a probabilidade deste cronograma ser atendido?
Finalmente, por hoje ficamos por aqui. Não deixe de ver os artigos anteriores caso você não tenha visto, no próprio linkedin ou no meu blog.
Aguardo seus comentários e até segunda, dia 12-09, abordando ainda mais este tema, de acordo com nosso mapa mental.
Obrigado.
Artigo 01 : É o cronograma, estúpido.
Artigo 02 : Erros Técnicos na elaboração do cronograma – parte 01 - Uso demasiado de relacionamento tipo TT e II.
Artigo 03 : Erros Técnicos na elaboração do cronograma – parte 02 - Quebra de lógica no cronograma.
Artigo 04 : Erros Técnicos na elaboração do cronograma – parte 03 - “Uso de lags muito grandes, “Uso de restrições” e “Uso de lags negativos”.
Artigo 05 : Erros Técnicos na elaboração do cronograma – parte 04 – Caminho crítico errado ou mal gerenciado.
Artigo 06 - Erros Técnicos na elaboração do cronograma – parte 05 – Atividades com grandes durações.
Artigo 07 - Erros Técnicos na elaboração do cronograma – parte 06 - Falta de linha de base.
Artigo 08 - Cronograma pra Quê? Tá na mente !!! – parte 01 – Cronograma não utilizado como ferramenta de análise.
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